Autor : Jornal O Popular
No País, a expectativa é de que os médicos suspendam atendimento a planos de saúde por até 15 dias neste mês de outubro. Em Goiás, até o momento, a categoria já decidiu paralisar o atendimento – entre os dias 17 e 19 – dos planos Amil, Cassi, Capesesp, Fassincra, Geap, Imas e Promed. O que exigimos nada mais é que uma assistência de melhor qualidade para os pacientes e a valorização da medicina. O movimento alcançará somente a assistência eletiva: urgências e emergências serão tratadas normalmente.
A saúde suplementar brasileira carece hoje de credibilidade. Recente levantamento realizado pelo Datafolha/Associação Paulista de Medicina (APM) mostra que 15% dos entrevistados (1,5 milhão de pessoas) afirmam ter recorrido ao Sistema Único de Saúde (SUS) em média 2,6 vezes e 9% (950 mil usuários) ao atendimento particular em média duas vezes, nos últimos 24 meses. Ora, isso reflete a grande insatisfação de pacientes usuários do sistema, assim como de médicos prestadores dos serviços. Não é possível manter qualidade nos serviços com o atual aviltamento dos honorários médicos.
Não custa lembrar que, antes de chegar a essa medida extrema – a paralisação do atendimento –, o movimento médico brasileiro tem buscado incessantemente o diálogo com as empresas da área de saúde suplementar, mas os avanços são insatisfatórios. O que está em jogo é o exercício profissional de 170 mil médicos e a assistência a quase 48 milhões de pacientes. Afinal, nos últimos 12 anos, os reajustes das mensalidades dos planos somaram 150%, portanto, 30% acima da inflação acumulada no período (120%). Já os honorários médicos não obtiveram, no decorrer desse tempo, nem 50% de aumento, como atesta a Associação Médica Brasileira (AMB).
Além de reajuste dos honorários, a categoria pede o fim da interferência antiética das operadoras na relação médico-paciente. Também reivindica a inserção, nos contratos, de índices e periodicidade de reajustes – por meio da negociação coletiva pelas entidades médicas – e a fixação de outros critérios de contratualização.
Reivindicações essenciais. O Ministério da Saúde recebeu, dia 2, comunicado formal sobre este grande protesto organizado pelos médicos contra as empresas que operam no setor da saúde suplementar. Voltamos a reiterar que os pacientes não serão prejudicados com a mobilização dos médicos. As consultas serão remarcadas posteriormente e não haverá paralisação nos atendimentos de casos de emergência.
Rui Gilberto Ferreira é presidente da Associação Médica de Goiás (AMG)