Durante seu discurso, o secretário de saúde do Estado de Goiás, Antônio Faleiros, afirmou: “Até o final deste ano, estará pronto o Plano de Cargos, Salários e Carreira para os médicos do Estado de Goiás”
No dia 19 de outubro, médicos, familiares e autoridades médicas se reuniram em solenidade para comemor o Dia do Médico, celebrado mundialmente no dia 18. Estavam presentes o anfitrião Rui Giberto Ferreira, presidente da Associação Médica de Goiás, o secretário da saúde do Estado de Goiás, Antônio Faleiros, o presidente da Comissão de Defesa Profissional da SBOT, Robson Azevedo, Erso Guimarães, presidente do Cremego e um dos pioneiros da medicina em Goiás, o radiologista Naby Salum.
Ainda estavam na festividade Sizenando da Silva Campos Júnior, presidente da Unimed Goiânia, Regina Maria Santos Marques, representante da Unicred, José Ximenes, presidente da Unimed Cerrado, Alexandre Costa, assessor especial da Metrobus, Fausto Gomes, presidente da Sobrames, Waldemar Naves do Amaral, presidente da SBUS e chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, e os deputados federais Ronaldo Caiado e Sandes Júnior.
Quatro nomes de grande destaque da Medicina goiana foram homenageados e receberam a medalha de honra ao mérito Dr. Luiz Rassi. Selmo Celeno Porto, Mariza Martins, Hélio Moreira e Dilair de Faria e Vasconcelos possuem em comum o trabalho desempenhado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás e o empenho em intensificar a produção científica e em humanizar a Medicina.
União
Rui Gilberto iniciou a solenidade agradecendo a presença de todos os colegas na confraternização, afirmando que tudo foi organizado com carinho e simplicidade. “Hoje, comemora-se o centenário de Vinicius de Moraes e fazendo referência e ele, lhes digo com muita convicção que o exercício da Medicina é a mais bela de todas as artes”, destacou.
Apesar dos equívocos do Governo Federal, no quesito saúde pública, o presidente da AMG disse que era o momento de brindar a união da categoria médica brasileira. “Quero ressaltar aqui o grande empenho do Simego, Cremego, Academia de Medicina e a Associação Médica para juntos combatermos os equívocos do Governo. Aos nossos homenageados, fica aqui o nosso reconhecimento pelo grande serviço prestado pelo engrandecimento da medicina de Goiás e do Brasil”, ressaltou.
O presidente do Conselho Regional de Medicina, Erso Guimarães, enalteceu a união da classe médica adquirida pela luta na defesa da profissão e da Medicina. “Junto com todas as entidades médicas, foi criada o Comitê das Entidades Médicas. Nós, médicos goianos, estamos unidos, somos trabalhadores e vamos lutar pela categoria e pela Medicina”, enfatizou.
Política
O deputado federal e médico Ronaldo Caiado caracterizou como populistas as medidas adotados pelo Governo Federal frente a saúde pública brasileira. “Está sendo feita uma campanha no sentido de diminuir a importância médica e de tentar responsabilizar os profissionais médicos pela situação caótica do quadro da saúde pública”, avaliou. “Sabemos bem da nossa luta e os problemas no investimentos à saúde pública brasileira. Lutamos pela regulamentação da Ementa 29 e buscávamos os 10% da receita da rede pública que aumentaria para nós de 80 a 130 bilhões de reais do repasse à saúde. Não tivemos sucesso até agora”, frisou, completando que mais uma vez o Governo não priorizou o projeto, que é de iniciativa popular.
Ele ainda detalhou sobre a atual situação do médico que trabalha no interior e que depende, segundo ele, da vontade política de cada município sem ter segurança para continuar o trabalho. “Apresentamos uma Ementa a Constituição brasileira para se criar a Carreira de Médica com todas as garantias constitucionais para que indo ao interior o médico tivesse salários dignos, e ao mesmo tempo uma aposentadoria que desse a ele tranquilidade e proporcionasse a possibilidade de frutividade à sua vida. Nada disso foi atendido”, ressaltou.
O deputado revelou que, segundo a imprensa, serão 16 mil estrangeiros aterrizando no Brasil até março de 2014 para exercer a Medicina. “Ficamos constrangidos de ver o Governo tomar caminhos populistas como este e não reconhecer a responsabilidade que temos com o cidadão brasileiro e tentar em um momento eleitoral fazer do médico uma figura que não estaria tendo um gesto de solidariedade”, opinou. Segundo ele, o que o conforta é ver a união da classe médica, algo inédito em sua lembrança nos 39 anos de profissão. “Pela primeira vez, as entidades se juntaram e nos deram força total nesta luta. A união da classe hoje está magnífica. Apesar das dificuldades, continuamos médicos solidários aos pacientes”, disse.
Motivos para comemorar
Em seguida, o secretário de saúde do Estado de Goiás revelou em seu discurso que até o final deste ano, deverá estar pronto o tão esperado Plano de Cargos, Salários e Carreiras para médicos do Estado. “O Plano de Cargos e Salários e Carreira já está pronto. Estamos em discussão com a área financeira do Governo. Recebi a incumbência do governador Marconi Perillo de dizer a classe médica que o plano é uma realidade”, pontuou.
Segundo ele, como secretário da saúde e como médico, sairá da Secretaria de Saúde depois que concretizado o plano de cargo e carreira. “Queremos que os médicos fiquem satisfeitos e que todas as categorias da área da saúde também fiquem felizes com o projeto que vamos apresentar”, ressaltou.
O secretário, que também é médico, destacou a importância deste profissional para a população devido a necessidade que a sociedade tem nos agravos de saúde a que são acometidos e a precisão preemente dos cuidados de um cidadão formado em Medicina. “O médico exerce uma função social extremamente relevante. A população tem no médico um esteio, uma esperança. É a salvação, o amparo, uma estrutura para se manter emocionalmente e em pé”, caracterizou.
Ele disse que é momento de comemorar as conquistas, mas também de refletir as dificuldades que a Medicina está enfrentando. “Ao meu ver, um momento difícil. Uma questão tão simples como o Ato Médico, que é a regulamentação da profissão, e no entanto foi vetado pela presidente Dilma que desfigurou completamente a proposta inicial aprovada por unanimidade pelo Senado e na Câmara”, lembrou.
Sobre o Programa Mais Médicos, Antônio Faleiros disse que o Governo Federal aproveitou do carisma e confiança que a população deposita nos médicos para propor uma solução aos anseios da comunidade. “Estão jogando nas costas do médico os problemas na saúde pública que temos. Na realidade, não é falta de médicos. Existe uma série de outros problemas que devem ser resolvidos antes de se exigir que médicos se fixem no interior, como um projeto de infraestrutura na área de saúde para proporcionar condições de trabalho para o profissional”, avaliou.
Ao final, parabenizou os médicos pelo dia e deu seu apoio aos profissionais. “Quero conclamá-los a esta luta de termos condições e potencial para participarmos ativamente da atividade política para poder reverter uma série de injustiças que se refletem na Medicina. É preciso que entendamos que é necessário eleger representantes políticos que sejam ligadas à saúde ou o próprio profissional médico que esteja comprometido com a classe. É importante a defesa de uma classe que precisa ser valorizada. A saúde depende dos médicos”, concluiu.
HOMENAGEADOS
Dilair de Faria e Vasconcelos
“Me sinto honrada com a homenagem. A classe médica goiana é grande. Existem colegas com destaque muito maior que eu poderia ter que fizeram grandes obras pela Medicina. O meu currículo é modesto, sou simplesmente uma médica que trabalhou muito a vida inteira, sem chefias, sem publicações, sem pesquisas, apenas com o trabalho duro da Medicina no dia a dia. Gostaria de agradecer aos colegas que se lembraram de mim. Sou uma velha profissional. São 53 anos na Medicina e ainda estou em atuação.
Nestes anos acompanhei não apenas a transformação científica, com inúmeras descobertas e melhorias na teconologia. A saúde é uma luta mais do que digna. Ficamos indignados com a atitude do Governo com a contratação dos médicos estrangeiros sem revalidação do diploma. É um insulto a classe médica brasileira. Os nossos “meninos” não vão para o interior, não é que não querem ganhar pouco, é porque não tem condições para trabalhar. São dezenas de leitos vagos, de aparelhagens estragadas. É política errada do Governo. Algo gravíssimo. O que os rapazes que vem de fora irão fazer? Principalmente, os cubanos. Não tenho nada contra Cuba mas não quero pagar a Medicina de Cuba, sendo que possuímos tantos profissionais precisando de trabalho justo. Outro grave fator foi a não aprovação ao Ato Médico. A nossa primeira dama não sabe o que é Medicina. A vida do médico não é um mar de rosas. Nós não fazemos brincadeira com a vida humana”.
Hélio Moreira
“Fui pego de surpresa. Eu não sabia que seria homenageado. Mas por outro lado, acho que eu merecia esta homenagem. Sou médico a quase 50 anos. Trabalhei a vida inteira em Goiânia, fui professor universitário por 41 anos, aposentei pela Faculdade de Medicina da UFG. Trabalhei a vida toda junto a classe médica, ajudando na promoção de congressos, associativas. Participo da coperativa de médicos. Trabalhei a vida inteira em função da Medicina. Tem uma poesia do Nelson Cavaquinho que diz: “Me dê as flores em vida / o carinho e a mão amiga / para aliviar meus Ais. Depois que eu me chamar saudade / Não preciso de vaidade / Quero preces e nada mais”.
Ultimamente venho trabalhando, também, pela literatura. Fui presidente da Academia Goiana de Letras. Lancei vários livros. No final do ano passado, lançamos um livro, sob patrocínio da Unicred, em que fizemos a biografia de vários médicos e outros literatas do Estado de Goiás. Uma obra que considero um marco na literatura goiana. Consegui trazer cinco grandes amigos para participar da obra.
Comecei na Faculdade de Medicina como professor em 1966. Na época não tínhamos o que temos hoje. Posso dizer que assisti o progresso extraordinário da Medicina, em diagnósticos, aparelhagens. No campo político, tenho visto a atual situação da Medicina com tristeza. Escrevi um artigo recentemente com o título Os médicos estão sob pressão. O governo quer ganhar a eleição e está fazendo “politicagem”. A presença dos médicos em interiores por si só não resolve, é necessária estrutura”.
Selmo Celeno Porto
“A maior emoção é receber uma homenagem destas novas gerações. A contribuição que eu dei para a Medicina de Goiás foi fruto do meu trabalho. Assisti o crescimento da medicina goiana que hoje está colocada no mais alto nível. É uma sensação muito agradável. Saber que em um determinado momento, eu participei das raízes, dos alicerces, sendo professor de todos os que estão aqui nesta homenagem. Foram meus alunos, estudaram em meus livros, praticando uma Medicina de alto nível científico e extremamente humanizada. Minha principal contribuição foi ter conseguido chegar aqui hoje e ver esta festa magnífica. Completo 55 anos de profissão médica.
Cheguei em Goiânia em 1966 diretamente para a Faculdade de Medicina, como professor. Eu era uma raridade na época porque eu tinha o doutorado, realizado em Minas Gerais. A condição de doutor em Medicina provocou mudanças na faculdade, inspirando a ideia de que outros professores deveriam ser doutores, escrever livros. Vi essa mudança acontecer. É uma sensação de paternidade. Posso dizer que eu tenho filhos biológicos, um deles é medico, e tenho filhos científicos, espirituais. Isso me dá uma sensação de plenitude. É maravilhosa essa sensação. O empreendimento que vemos nascer aqui em Goiânia é um dos maiores do mundo. Isso não é fruto do acaso. Encontramos, aqui, o trabalho do Dr. Salum, do Dr. Abdo Badim, que já nos deixou, Dr. Luiz Rassi, que encontraram um terreno vazio e construiram uma Associação Médica. Aqui nasceu a Faculdade de Medicina, nasceram amizades que se perpetuaram. Tinha um bar no térreo que aconteciam encontros nas sextas-feiras que reuniam médicos, que não estão mais entre nós, mas que encontravam um lugar de amizade e fraternidade”.
Mariza Martins
“Fiquei honrada por estar sendo homenageada com tantas pessoas que eu admiro muito na qualidade profissional, na ética e competência. É uma grande homenagem, fiquei bastante emocionada. Estou na Medicina deste 1972. Sou professora da Universidade Federal de Goiás desde 1978. Em 1975 eu lecionava no HGG para a residência médica. Tem sido uma trajetória bonita em minha vida. Quando você passa o conhecimento ao outro e repassa a um terceiro,assim, nós nos imortalizamos. Acho isso muito bonito. São 41 anos dentro da Medicina. De ponto de vista científico, evoluiu demais. Como dizia a Cora Coralina, quem presenciou tanta mudança já é feliz por estar vivo. Em relação a política, acredito que o médico, hoje, é um profissional engajado na luta pelas reividincações da classe. Não podemos ser alienados”.