Fonte : O Popular –
Os 605 mil usuários do plano de saúde do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) começaram 2016 com mais dificuldade para marcar consultas eletivas, em algumas especialidades. Um grupo de 243 médicos credenciados será afetado por uma nova portaria da autarquia que estabelece o limite de 30 consultas semanais e 120 mensais. Eles atendiam em número bem acima do teto fixado e representam cerca de 10% do total de médicos cadastrados para fazer atendimento pelo plano como pessoa física.
As novas regras constam da Portaria Normativa 14-2015, publicada no dia 16 de dezembro, e passarão a ter efeito a partir de 1° de janeiro. O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) e o sindicato da categoria criticam a medida.
Antes os médicos tinham apenas uma cota mínima para atingir, realizando 60 consultas ao mês, o que, de acordo com o instituto, não era alcançado por todos. O Ipasgo também informa que, por outro lado, houve casos de profissionais que “extrapolavam”, já que atendiam a muitos usuários em grande descompasso com o intervalo de tempo. Em um dos casos, o plano de saúde verificou que um dos credenciados chegou a fazer 600 consultas no mês de outubro.
O Ipasgo alega que as novas regras são uma “medida de gestão” e nega qualquer tipo de crise financeira. Destacou que o seu Departamento de Controle de Gestão acompanha, periodicamente, os atendimentos realizados pelos credenciados, uma prática que se fortaleceu ainda mais a partir de 2011, quando veio à tona o número de 302 mil agregados aos titulares do plano de saúde. Na época, o instituto também identificou um usuário com pedido de 161 exames em um dia.
Em 2013, o Ipasgo tomou uma medida contrária e suspendeu o credenciamento de 74 médicos por causa do baixo índice de consultas realizadas por eles. O instituto também informou, na época, que pretendia disciplinar o atendimento ao usuário e oferecer melhor qualidade de serviços. Apesar das novas regras, o plano de saúde ainda promete que a população não será prejudicada. O instituto também admite que há casos de usuários que têm de esperar mais de um mês para fazer consulta eletiva.
Restrição vai prejudicar usuários, dizem médicos
O limite no número de consultas eletivas vai prejudicar os usuários do plano de saúde do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo). A avaliação é do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) e do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), contrários à nova medida da autarquia.
Presidente do Cremego, Aldair Novato Silva diz que melhorar atendimento não requer restrição de consulta. “Com as novas regras, o paciente não vai ter opção de procurar o médico que ele deseja, mas ficará ainda mais submetido a se consultar com aquele que estiver disponível no sistema de agendamento Ipasgo”, lamenta ele, para acrescentar: “Vejo com preocupação o fato de fazer restrição numérica no número de consulta.”
A insatisfação com as novas regras do plano de saúde também é reforçada pelo secretário de administração do Simego, Alexandre Meneghini. “Se há 10% dos médicos que estão agindo de maneira desonesta ou pouca honesta, o Ipasgo tem de tomar alguma atitude, mas individualmente, sem prejudicar os demais também e à população”, reclama ele, antecipando que o sindicato vai consultar a categoria para avaliar se tomará alguma medida contra a nova portaria.
As más práticas por parte de médicos devem ser apuradas e punidas, destaca Aldair. “O Conselho não apoia nenhuma má prática e os médicos precisam ter o tempo necessário para fazer o diagnóstico seguro. Não estamos atendendo ao Ipasgo. Atendemos a pacientes”, assevera o presidente do Cremego, destacando que existem especialidades que realizam atendimento o dia inteiro.
O secretário do sindicato ressalta que o Ipasgo deve ser mais transparente com suas medidas, informando, conforme sugere, quais medidas foram tomadas em cada um dos casos identificados como supostamente irregulares. “O Ipasgo mudou a gestão, prometeu melhoras e não estamos enxergando esta melhora.”