Autor : Maisa Lima – Assessoria de Comunicação da AMG
Entre os próximos dias 17 e 19 de outubro os médicos goianos suspenderão o atendimento a usuários de sete operadoras de planos de saúde – Amil, Cassi, Capesesp, Fassincra, Geap, Imas e Promed. A paralisação faz parte de um protesto nacional da categoria. “No próximo dia 18 de outubro comemora-se o Dia do Médico. Para nós, da Associação Médica de Goiás (AMG), não deixa de ser emblemático que este momento, que deveria ser de homenagem, aconteça numa hora de luta da categoria contra os abusos praticados pelas operadoras de saúde complementar”, pondera o presidente da entidade, Rui Gilberto Ferreira.
Como destaca o vice-presidente da AMG, o ortopedista José Umberto Vaz de Siqueira, estas sete operadoras foram as que catalisaram o maior número de reclamações em Goiás. “Nestas operadoras sempre encontramos mais dificuldade na hora de negociar e uma borocracia paralisante. Este movimento da classe médica pode ser considerado como um aviso. É preciso conduzir a saúde suplementar de forma mais responsável”, pondera José Umberto, que também participa do Comitê Integrado das Entidades Representativas (Cier) da área de Saúde.
No País, a expectativa é que os médicos suspendam atendimento a planos de saúde por até 15 dias neste mês de outubro. A categoria exige uma assistência de melhor qualidade para os pacientes e a valorização da Medicina. O movimento alcançará somente a assistência eletiva: urgências e emergências serão tratadas normalmente. Na prática, deve atingir operadoras que descumprem acordos firmados com a classe médica, atrasam pagamentos, mantém tabelas de remuneração defasadas, praticam glosas injustificadas (não pagamento de valores referentes a atendimentos, medicamentos, materiais, etc) e pagam honorários diferentes para o mesmo procedimento.
Reivindicações
Entre as reivindicações dos médicos estão o reajuste da consulta para R$ 80,00 – atualmente essas operadoras pagam entre R$ 35,00 e R$ 55,00; a adoção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM/2012), uma tabela de remuneração para o pagamento dos honorários; a inserção nos contratos de critérios de descredenciamento e de reajuste e o pagamento dos honorários médicos diretamente ao profissional; fim da intervenção antiética das operadoras na autonomia da relação médico-paciente e que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) responda, por meio de normativa, a proposta de contratualização encaminhada pelas entidades médicas.
Assembleia
Nesta quarta-feira (10), na sede do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego) – Avenida Anhanguera, nº 5674, Edifício Palácio do Comércio, Sala 1402, Setor Central, em Goiânia (GO) – está prevista uma assembleia das entidades médicas para as 19 horas. “Vamos traçar estratégias para o movimento. É muito importante a presença maciça dos médicos que atuam na saúde complementar, para que possamos, efetivamente, mudar o quadro caótico que enfrentamos atualmente”, convoca José Umberto.
Como lembra Rui Gilberto, “a saúde suplementar brasileira carece hoje de credibilidade”. O presidente da AMG refere-se ao recente levantamento realizado pelo instituto de pesquisa Datafolha e a Associação Paulista de Medicina (APM) mostra que 15% dos entrevistados (1,5 milhão de pessoas) afirmam ter recorrido ao Sistema Único de Saúde (SUS) em média 2,6 vezes e 9% (950 mil usuários) ao atendimento particular em média duas vezes, nos últimos 24 meses. “Ora, isso reflete a grande insatisfação de pacientes usuários do sistema, assim como de médicos prestadores dos serviços. Não é possível manter qualidade nos serviços com o atual aviltamento dos honorários médicos pagos”, conclui.