Editada pelo médico e escritor Hélio Moreira a obra comemora 20 anos da Unicred Centro Brasileira
A Unicred lançou, no dia 11 de dezembro de 2012, na Maison Florency, o livro “Memórias de Nossa Gente”, editado pelo gastroenterologista Hélio Moreira, membro da Academia Goiana de Letras, que tem dado uma grande contribuição à história goiana, com publicação semanal de contos no Jornal Diário da Manhã. A obra, em formato tablóide, de 320 páginas, comemora 20 anos da Unicred Centro Brasileira e contém ainda textos de Ângela Jungmann, Edival Lourenço, Heitor Rosa, Lêda Selma, Lena Castello Branco F. de Freitas e Luiz de Aquino, todos membros da AGL.
Recheado de fotos, o livro documenta trajetórias de personalidades goianas excepcionais, que trouxeram grande contribuição à cultura goiana. Anis Rassi e Joffre Marcondes de Rezende, da pena de Hélio Moreira, são os primeiros biografados. Ao falar Anis Rassi, Hélio descreve, inicialmente, a saga da família Rassi, vinda do Líbano no final do século 19, tendo vivido em Cuba até 1924 e aportado no Rio de Janeiro neste mesmo ano, de onde vieram para Vianápolis, na época distrito de Bonfim (Silvânia), onde Anis e outros quatro irmãos (dos 12 da família de Abraão e Mariana Rassi) nasceram. O escritor acompanha Anis desde a infância no interior pacato até se tornar um dos cardiologistas de maior destaque do Brasil, tendo descoberto relevantes fatos relacionados à doença de Chagas, pesquisas nas quais contou com a colaboração do gastroenterologista Joffre de Rezende.
Joffre é descrito por Hélio Moreira como “Uma figura cuja imagem de homem culto ultrapassou os limites das suas circunstâncias; no entanto, sua personalidade extremamente reservada não tem permitido que a coletividade goianiense e, por extensão, a brasileira, o conheça na sua intimidade”. Nas páginas seguintes o escritor descreve a importância desse mineiro para a medicina e cultura goianas, terra em que chegou no ano de 1954. Ele foi um dos protagonistas da fundação da Faculdade de Medicina, idealizador da Revista Goiana de Medicina, editada por ele durante 35 anos, coordenador da Editora da Universidade Federal de Goiás e um dos membros fundadores da Academia Goiana de Medicina. Seus estudos na área da doença de Chagas são tão relevantes, que um de seus artigos foi incluído entre os 15 mais importantes publicados nos últimos 100 anos sobre a doença, em 2009, numa obra editada pela Fundação Oswaldo Cruz.
O capítulo seguinte, escritos por Jungmann, falam de Nelly Alves de Almeida, ensaísta, cronista, poeta e professora, diplomada normalista no Colégio Sant’Anna, na Cidade de Goiás. Co-fundadora da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás em 1969, Nelly valorizava os escritores goianos e foi uma profunda estudiosa da obra de alguns deles, como Bernardo Élis, Carmo Bernardes, Hugo de Carvalho Ramos e Mário Palmério, que resultou no livro “Estudos sobre Quatro Regionalistas”.
Edival Lourenço se dedicou a biografar os escritores Eli Brasiliense e Rosarita Fleury. Conhecido pelo livro “Pium, nos Garimpos de Goiás”, que conta histórias trágicas e comoventes de um garimpo no Cerrado goiano, Eli é autor também de “Chão Vermelho”, “Rio Turuna”, “Bom Jesus do Pontal”, “O Perereca”, “Uma Sombra no Fundo do Rio”, “O Irmão da Noite”, e “A Voz do Rio” (ainda não publicado). Sobre Rosarita, Edival destaca o fato dela ter nascido numa época extremamente machista, na Cidade de Goiás, em 1913, quando não havia o hábito das mulheres estudarem e, ela ter tido o privilégio de receber educação formal e transcender, tendo começado a escrever poemas e crônica para os jornais da velha capital aos 13 anos. Logo se tornaria uma grande escritora, com romances, poemas, biografias e estudos, cujo primeiro livro. “Elos da Mesma Corrente”, foi premiado pela Academia Brasileira de Letras.
Heitor Rosa conta a história da reconhecida musicista e pianista Belkiss Spencière Carneiro de Mendonça e do pouco lembrado escritor e professor Francisco Pereira de Castro Azevedo, ela pela contribuição inigualável à música goiana e ele pela contribuição às letras com o “Dicionário Analógico da Língua Portuguesa”, e Heitor o intitula de “Euclides da Cunha goiano”.
Lêda Selma de Alencar foi a responsável por dois dos mais destacados escritores goianos, Hugo de Carvalho Ramos e José J. Veiga, o primeiro conhecido por “Tropas e Boiadas”, que apesar de único é inesquecível, e o segundo pelas diversas obras de sua literatura fantástica. Lena Castelo Branco analisou as trajetórias da poetisa Cora Coralina, que dispensa apresentações, e Padre Luís Palacin, professor universitário, historiador e ensaísta. E Luiz de Aquino dedicou-se à vida do escritor e jornalista Anatole Ramos, cronista por muitos anos dos jornais O Cinco de Março e O Popular.
Como bem destacou Clidenor Gomes Filho, presidente da Unicred Centro Brasileira na apresentação de “Memórias de Nossa Gente”: “Cada leitor há de encontrar lacunas, omissões ou discordâncias nesta lista. E isto é natural num universo tão rico e tão extenso de talentos e de realizações. (…) A Unicred se orglha de somar-se ao reconhecimento já consagrado a estas figuras da literatura e da medicina da nossa região. E se expõe ao desafio, que é uma constante em nossas vidas, de corrigi-la e ampliá-la no futuro”.