A evidência na medicina e na saúde têm uma conotação direta com a ciência, que é a verdade cristalina dos fatos, onde é aplicada de maneira profícua à população, proporcionando os melhores resultados em termos de qualidade de vida para todos, tanto na prevenção como na terapia.
A evidência, portanto, é sinônimo de ciência, que trabalha com experimento, que vira verdade científica, ou seja, uma evidência do conhecimento humano. Vivência é aquilo advindo da experiência, é empírica, adquirida no cotidiano.
O médico, pela sua vivência e ligado ao seu conhecimento técnico e científico, cria táticas para promover a saúde. Dessa forma, evidência e vivência devem andar lado a lado para se alcançar as melhores taxas de prevenção e de tratamento junto à população.
Para se informar sobre a evidência e a vivência de nosso dia a dia, temos a mídia. Por meio da divulgação de massa alcançamos uma ampla camada de leitores, sejam eles técnicos ou população em geral. De um lado temos as revistas científicas ligadas à qualificação, e de outro a mídia leiga, expressa em jornais, tvs, rádios, internet e outros veículos abertos à comunidade em geral.
Quando utilizamos o formato jornalístico, ou leigo, a evidência científica passa a ter um valor um pouco menor, pois sempre há a necessidade de se criar, com as notícias, um apelo popular. Isso, do ponto de vista de saúde e medicina, deve ser tratado com muito cuidado.
A medicina baseada em evidência é o caminho verdadeiro e cristalino para o bem-estar da população. O zika vírus, que se apresenta na mídia leiga como epidemia dramática para a população mundial e em especial para a brasileira, tem sofrido uma inversão de valores.
Na mídia leiga o apelo popular é forte. Entretanto, a evidência científica tem ainda engatinhado, já que a vivência dos médicos é pequena e necessário se faz com que os profissionais visualizem, estudem e entendam mais a fisiopatologia com a qual o zika promoveria as lesões fetais. Boa parte não tem vivência com o vírus.
Assim, vivência, evidência e mídia estão completamente desconectados no entendimento do zika vírus. Raros são os ginecologistas, obstetras e ultrassonografistas que já viram um caso de microcefalia por este agente. Pode ser que a mídia leiga esteja correta e a evidência mostre a grandeza dos resultados da microcefalia na vida fetal. Mas pode ser o contrário. Pode ser que tudo seja apenas muita mídia e a ciência não demonstre a correlação de precisão e de causa e efeito entre o zika e a má-formação do concepto. Temos de avançar muito nesse aspecto e isso só vem com o tempo.