A Situação Atual do Jovem Residente foi um dos temas debatidos durante o I Simpósio da Associação Médica de Goiás, realizado entre 11 e 13 de outubro, no Centro de Convenções de Goiânia, juntamente com o 30º ECAM e IX COGEM.
O professor convidado Juracy Barbosa dos Santos (DF), presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), avalia a situação nada agradável da Residência Médica em todo o Brasil que enfrenta, segundo ele, inúmeras dificuldades. “A situação se agravou bastante principalmente durante as últimas gestões da Comissão Nacional de Residência, as quais fizeram algumas ações que atrapalharam o desenvolvimento das atividades da Residência no país. A gestão atual trabalha dobrado. Arrumando a casa e propondo fortes mudanças”, argumenta.
De tal forma que, hoje, de acordo com Juracy Barbosa, o Brasil enfrenta o maior número de denúncias relacionadas à Residência Médica dos últimos anos. Dentre estas denúncias, ele cita, como exemplos, o não cumprimento da legislação vigente; assédio moral; e o despreparo dos preceptores.
O presidente da ANMR relata que também é cada vez mais notório o despreparo dos próprios residentes. “Pressupõe-se que os residentes deveriam chegar à Residência Médica com conhecimentos médicos básicos. É cada dia mais perceptível que as pessoas estão chegando despreparadas”, analisa.
Soma-se a esta situação, a explosão dos cursos de Medicina que surgiram em todo o país, de maneira irresponsável, “de tal forma que não há como falar de Residência sem mencionar esta situação. O número de Residências Médicas em todas as áreas no país não contempla o número de egressos”, frisa.
INFORMAÇÃO
Juracy Barbosa defende que quanto mais pessoas, principalmente entre o público acadêmico, chegarem à Residência Médica informadas sobre o que irão enfrentar, terão a capacidade maior de não desistir do programa.
Segundo ele, existe uma ociosidade por volta de 40% das vagas. “As pessoas lutam para entrar na residência médica e de repente desistem da vaga. É um paradoxo. Existem várias situações que normalmente o público acadêmico não conhece e precisa conhecer para lutar pelos seus direitos”, destaca.
GOIÁS
A situação de Goiás, infelizmente, não é das melhores. Juracy afirma que o Estado teve um boom muito grande na abertura de escolas de Medicina. Além disso, não existe uma Associação de Médicos Residentes em Goiás. “Sempre lutamos para que essas associações sejam ativas”, pontua.
De acordo com o presidente, durante as plenárias da Comissão de Residência Médica, em Brasília, é quase que posição Sine qua non ter algum problema em Goiás. “As reclamações são inúmeras. Temos uma situação lamentável que é da Santa Casa de Misericórdia, uma instituição com histórico formidável de formação de bons profissionais, que enfrenta uma crise sem precedentes. De forma que alguns programas correm risco de serem fechados, descredenciados da Comissão Nacional de Residência Médica”, alerta.
Existe uma luta para que os programas não sejam fechados, porém, Juracy Barbosa assinala que não se pode fechar os olhos para as situações de irregularidades. “Não dá mais para aceitar situações como, por exemplo, residentes trabalhando mais de 60 horas com a argumentação de que irão aprender mais”, salienta. Ele cita os vários estudos na literatura disponíveis e publicados que garantem que trabalhar 60 ou 120 horas não irá aumentar conhecimento. “Nossa luta é que o residente não seja encarado como uma mão de obra barata. O sonho da vida dele é se formar especialista. E existe uma legislação forte, com mais de 30 anos de existência, que deve ser cumprida”, finaliza
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