Pelo menos a partir de agora os Peritos Criminais e Médicos Legistas sabem que o governo valoriza dez vezes mais as duplas sertanejas laudatórias do que seus profissionais da Polícia Científica
Pelo menos a partir de agora os Peritos Criminais e Médicos Legistas sabem que o governo valoriza dez vezes mais as duplas sertanejas laudatórias do que seus profissionais da Polícia Científica
Por Dr. Décio Ernesto de Azevedo Marinho
Médico Legista
Professor de Medicina Legal da UFG
Presidente do SINDPERÍCIAS-GO
Médico Legista
Professor de Medicina Legal da UFG
Presidente do SINDPERÍCIAS-GO
Há pouco mais de um ano, um grupo de Peritos Criminais deslocou-se até a Cidade de Goiás na esperança de sensibilizar o Governador Marconi Perillo para a triste situação salarial da categoria, principalmente quando cotejada com seus colegas Delegados e Oficiais da Polícia Militar, além dos seus pares nos demais Estados da União. Na ocasião, exibindo faixas que apelavam para o diálogo com o Governador, o mesmo tomou a iniciativa de descer do palanque e se comprometeu em corrigir a injustiça que penalizava os Peritos Criminais e Médicos Legistas. Também, em função do prometido, um movimento grevista foi interrompido e foi dado um inequívoco voto de confiança ao Governador que, por várias vezes, reconheceu a legitimidade do pleito e ainda enaltecia a nossa maneira pacífica de reivindicar.
Hoje, com desalento constatamos que toda a peregrinação nos gabinetes governamentais, encontros com Secretários, Políticos e com o próprio Governador resultou apenas em gastos de papel com simulações de impactos na folha e solas de sapato dos nossos representantes.
Alegava-se que dois obstáculos teriam de ser superados para que nossas propostas fossem consideradas. O primeiro seria um efeito “dominó” que contaminaria todas as demais categorias com o vírus letal da reparação salarial. O segundo obstáculo seria ainda maior: o impacto nas combalidas finanças do Estado. Ao primeiro óbice, o alegado partia de uma falsa premissa, visto que as categorias que poderiam se dizer prejudicadas, já tinham sido melhor compensadas nos aumentos anteriores do que a nossa. Ao segundo empecilho não tínhamos como rebater. Ignorávamos o conteúdo da caixa preta das finanças estaduais.
Pelo que parece e de acordo com a mídia, a situação econômica do Estado não estava tão precária conforme apregoavam seus dirigentes. A penúria não deveria permitir que o erário bancasse excursões à Europa, perfeitamente prescindíveis, para um grupo coroado de escolhidos e, pior ainda, patrocinasse shows musicais e pirotecnias eleitoreiras ao custo, segundo noticiado, de 32 milhões de reais somente em 2013.
Pelo menos a partir de agora os Peritos Criminais e Médicos Legistas sabem que o governo valoriza dez vezes mais as duplas sertanejas laudatórias do que seus profissionais da Polícia Científica. Os estudos do impacto na folha pelo menos serviram para quantificar o menoscabo do governo Marconi com a classe.
A frase título não deve ser interpretada como um apelo e sim como uma lastimosa constatação. Ao que parece o show deve continuar e seremos também atores adequadamente paramentados com grandes sapatos, gola larga e bola vermelha na ponta do nariz.